9 de abril de 2016

Inquérito sobre os efeitos dos CEM de baixa frequência

O Prof.º António Pereira foi um dos inquiridos

No dia 14 de março de 2016, Os Medaritos andaram pelas ruas da vila da Ribeira Brava com o intuito de obter respostas, do ponto de vista de alguns cidadãos, a questões relacionadas com a eletricidade e os possíveis riscos para a saúde pública provocados pelos campos elétricos e magnéticos.

Foram, essencialmente, 6 as perguntas colocadas:


1. Considera que é possível a vida na ausência de eletricidade?
2. Acha que à presença de correntes elétricas está sempre associada a emissão de radiações?
3. Essas radiações emitidas pela corrente elétrica podem interagir com os seres vivos?
4. Na sua opinião, a radiação emitida pelos cabos de alta tensão é mais prejudicial do que a emitida pelos aparelhos do quotidiano (ex.: computador, frigorífico, secador de cabelo, televisão, etc)?
5. Vive ou conhece alguém que viva nas imediações de um poste de alta tensão?
6. Acha que habitar na proximidades de tais postes de alta tensão pode levar ao aparecimento de doenças oncológicas?

As respostas de alguns dos inquiridos encontram-se no vídeo seguinte:



Na sequência da investigação relativa à opinião dos populares sobre aos efeitos dos CEM na saúde pública, decidiu-se aumentar a população em estudo distribuindo, por uma população de 166 alunos do ensino secundário dos cursos científico-humanísticos da Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares, um inquérito que consistia nas mesmas 6 questões que foram enumeradas anteriormente.

Seguem-se as estatísticas obtidas como resultado da análise deste inquérito: 

Relativamente à primeira questão, verifica-se um bom equilíbrio entre as respostas afirmativas e as negativas. Apesar de ser uma pergunta muito vasta, que pode levantar algumas dúvidas, aquando da sua formulação, o grupo pretendia que se refletisse não apenas sobre a eletricidade que se paga na factura da luz, mas também sobre a eletricidade intrínseca aos animais, em particular ao ser humano, nomeadamente a associada ao sistema nervoso e ao cérebro. Seguindo esta linha de pensamento, seria impossível haver animais, pelo menos com a fisionomia que conhecemos. No entanto, além dos animais, todas as células dependem  do seu potencial bioelétrico para o metabolismo(1). Assim, a resposta que se considerou como correta é "Não". 





Entende-se "corrente elétrica" como o fluxo das cargas de condução dentro de um material. Consequentemente, associada a este fluxo de cargas, está sempre associada a emissão de radiações eletromagnéticas(2). As estatísticas revelam que 36% dos inquiridos não sabem a resposta a esta questão e 20% responde incorretamente "Não". 



Nesta terceira questão obteve-se uma maioria absoluta de 80% a responder "Sim", e apenas 5% dos inquiridos respondeu "Não". Os restantes 15% respondeu "Não sei". 
O facto é que, se a intensidade e a tensão da corrente elétrica forem suficientemente elevadas, a exposição a estes campos electromagnéticos - numa distância suficientemente diminuta - pode provocar efeitos adversos na saúde pública(3). Por este motivo, a resposta correta é "Sim".






Aquando da construção deste inquérito, o grupo não pode, ainda, pronunciar-se relativamente àquela que é, efetivamente, a resposta mais acertada. Tal justifica-se pois o processo de medição dos CEM ainda não está concluído. No entanto, a resposta será apresentada aqui.





Na 5ª questão colocada verifica-se que viver nas imediações de um poste de alta tensão é algo relativamente "vulgar" e do conhecimento dos inquiridos pois 42% destes responderam afirmativamente a esta questão.


Esta foi, sem prejuízo das restantes 5 questões, a questão "cerne" do inquérito. As estatísticas obtidas revelam que 88% dos inquiridos responderam "Não sei" ou "Sim". Ou seja, 88% da população em estudo não tem uma ideia correta ou simplesmente desconhece a resposta em relação ao assunto a que a mesma se refere. Conforme foi explicado no nosso blog na publicação relativa à contextualização histórica, não há, até à data, qualquer evidencia científica que suporte que haja uma ligação entre habitar junto a postes de alta tensão e o aparecimento de doenças oncológicas, porém, também não é possível obter uma resposta definitiva pois estabelecer a demonstração científica dessa inexistência é um contra-senso lógico e uma impossibilidade científica.



Em conclusão, verificou-se - atendendo não só ao inquérito em papel como também ao inquérito oral apresentado no vídeo - um elevado desconhecimento da população em relação ao tema no qual se insere. Acentua-se, com mais intensidade agora, a elevada relevância que tem o projeto MEDEA no auxílio do desmantelamento das ideias erradas da população. Cabe-nos a nós, agora, desenvolver esforços no sentido de transmitir informação cientificamente credível com o intuito de eliminar esses preconceitos generalizados. 

Imagem: João Abreu
Fontes:
VILLATE, Jaime. Eletricidade e Magnetismo. 2009

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