No entanto, dada a falta de fundamento científico coerente, este estudo acabou por cair no esquecimento ao longo do tempo. Chegou-se a um consenso científico de que a exposição a campos elétricos de baixa frequência não produziria qualquer efeito negativo e duradouro na saúde do homem.
Em 1979, um novo estudo nos EUA voltou a colocar em questão o consenso científico a que se tinha chegado. Este revelava que um grupo de crianças que sofria de leucemia habitava nas imediações de instalações eléctricas. Apesar de apresentar diversas falhas metodológicas, este estudo conseguiu dar uma reviravolta na concepção detida anteriormente em relação à influencia destas radiações na saúde.
Este estudo foi de grande relevância pois despertou uma série de estudos científicos internacionais que se seguiram. Provavelmente, também se pode inferir que, sem a publicação deste, nunca teria nascido o projeto MEDEA.
O facto de estarem envolvidas crianças e uma doença grave levou a que se focalizasse de forma intensiva nesta questão. Assim, em 1992, o congresso dos EUA aprovou um orçamento de 65 milhões de dólares dedicado à investigação dos riscos associados à exposição ao CEM (Campos Elétricos e Magnéticos) por diversas entidades independentes.
Investigar sobre um determinado risco de saúde pública implica pesquisar os processos que podem ligar uma hipotética causa a um determinado efeito biológico prejudicial para a saúde. Porém, se parte-se do princípio que a exposição a estes campos eletromagnéticos pode ser prejudicial, a realização de investigações não antecipam qualquer resultado.
Caso os efeitos a demonstrar sejam inexistentes, estabelecer a demonstração científica dessa inexistência é um contra-senso lógico e uma impossibilidade científica. Assim, a garantia da inexistência de qualquer risco para a saúde pública é impossível de provar cientificamente.
Fonte: LIBERATO, Paulo; MONTEIRO, Carolino; A Eletricidade e a Saúde: Os Campos Eletromagnéticos de Frequência Reduzida. REN 2008
Imagem: João Abreu
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